O culpado não seria o tempo. Não seria a casa, nem a rua, nem a cama desarrumada, a louça mal lavada, o jantar para ser feito. Não seria a vizinhança, a culpada. Não seria a tia, o avô, a amiga, o amigo. Não seria a mulher, não seria o filho, não seria o pai. Não seria a cidade que é pequena, a vida que é de todos, a vergonha que é alheia. Não seria o exemplo, não seria o ícone, não seria nada a não ser o alvo e a gota d'água. E o copo, o cálice, o sangue, o medo, o terror. Não seria o tempo, o culpado, mas não seria, senão, o próprio tempo a receber a culpa: do leite derramado, da tempestade no copo de água ou de sangue que transbordaria um nada, que inundaria vidas e mudaria rotas e transformaria vários tudos.
O culpado não seria o tempo por conceder tempo para ver. Não seria culpado por ouvir, não seria culpado por falar. Seria por viver? Não, não... Não seria culpa do tempo, a não ser que fosse o tempo jogado fora por não saber o que fazer com o copo que transbordava vários nadas e derramava a tempestade. E, sendo assim, o culpado seria você.
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