A insuficiência das relações
corrobora com a constante social que nos é apresentada desde o berço. O mundo
não permite a estagnação. Não basta terminar o ensino médio, não basta a
graduação, mestrado, doutorado, pós... Falar somente o inglês já não significa
muita coisa, o currículo precisa ser extremamente bom, o emprego precisa ser
“decente”, a família deve ser “modelo” e a inteligência absurda. A vida nos é
apresentada com manual de instruções e não nos basta seguir o roteiro, é
preciso surpreender.
As relações são frustrantes e
altamente críticas. O sexo do bebê torna-se motivo de desgosto para alguns e
sua decepção não é aliviada após o nascimento – a criança, se não acompanhada
devidamente, nasce e cresce com o pensamento de insuficiência por não
considerar-se boa o bastante para sua própria família. Além da carga emocional,
a estética passou a ser sinônimo de felicidade fajuta: dietas desequilibradas,
cirurgias arriscadas, saúde comprometida; tudo para seguir os padrões, agradar
os outros. Mas quem agrada a nós mesmos?
A criticidade não permite não o
erro. O suicídio entre jovens brasileiros tem crescido nos últimos tempos, o
índice é preocupante e aponta para o seguinte fato: o jovem, ainda que na sua
fase de amadurecimento, é símbolo de ascendência social e futuro. Para um mundo
altamente globalizado e extremamente capitalista, não é permitido a estagnação.
Os jovens precisam ser bons – eis o risco.
Toda essa pressão psicológica, é
descarregada de forma brutal e eles se veem acuados. Precisam ter boas notas,
falar no mínimo três línguas, ter um emprego maravilhoso e um currículo
gigante. Não o bastante, sofrem com a imposição das redes sociais, o espetáculo
de padrões, transtornos quanto à sua sexualidade e gênero e a não aceitação
social.
Assim, torna-se evidente o
problema e a sua urgência para com uma solução. É necessário que os pais, a
escola e a sociedade atente-se ao fato e busque melhorias em suas ações. O
diálogo, a compreensão, o apoio, são soluções bases, mas fundamentais, que
possibilitam ao jovem um amadurecimento na tomada de suas decisões, além de
preparação para as dificuldades que podem ser enfrentadas. No mundo onde tudo é
urgente, rápido e crítico; é preciso de calma para interagir e paciência para
compreender. O jovem não deve e nem precisaria buscar a fuga no suicídio se lhe
fosse permitido respirar e começar novamente do zero aquilo que antes não deu
certo, sem críticas ou pressões em demasia.
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