segunda-feira, 28 de março de 2016

Canta, mas ninguém escuta

O som que canta lá fora não é o mesmo que canta aqui.
De que maneira a intensidade com que se sente – e sente profundamente
Pode tornar-se menor?
O rio que corre na veia, de sangue é
E é e se retorce
E comprime
E deságua
E inunda, alagando o mesmo rio que não deixa de existir
A chuva que cai não é água
E o som que canta lá fora não é o mesmo que canta aqui
Menor, menorzinho, menor, menorzinho
De que maneira a intensidade com que se sente – e sente profundamente
Pode tornar-se menor?
Menor, menorzinho
O rio que corre na veia, sangue, incendeia
Evapora
A chuva que cai não é água
O vento que dança, de ar não é feito
O frio balança o corpo
E o rio, que corre na veia, congela
Frio
O som que canta lá fora não é o mesmo que canta aqui
O som que canta lá fora não é o mesmo
O som que canta lá fora não é o mesmo
E já não canta aqui


Nenhum comentário:

Postar um comentário