Do muito que tenho para contar sobre o tempo, a sua imprecisão para com meus assuntos me incomoda um pouco. Por algum acaso, no exato momento de ser exato, seu tempo não se faz. Dia desses, foi com a sua urgência de sempre que procurou dar-me explicações pouco convincentes para seus contratempos. Que não o culpasse por suas extravagâncias, que passava ligeiro, mas que me dava todo o tempo que seu tempo tem, eu é que não reparava. Que tentasse entender, cada coisa tem seu tempo... De nada vale os prazos que lhe dou para resolver meus desvarios, se eu não contribuía em nada para que eles fossem solucionados. Só faltou gritar comigo, que deixava tudo em cima dele, que sobrava tudo para ele resolver, que isso ou aquilo. E que já estou é bastante grandinha para ver o tempo passar. Mandou-me arrumar o que fazer, que todas essas minhas reclamações o contrariava, o impedia. E mais!!!!! deixava o recado: tome cuidado para não ser você mesma seu próprio estorvo.
Depois disso, eu sei que liguei o modo "indignada" e sorri amarelo. Calei!
O tempo tinha lá suas razões e estava certo, dou-lhe o braço a torcer. A vista da janela podia ser até interessante, mas não era correto ser somente telespectadora de suas paisagens. Por um momento esqueci-me da história que construí e que, além de narrar, era personagem. Encontrei uns contratempos que, diferentes do tempo, não tinham urgência nenhuma em passar. Tomei logo uma xícara de consciência. Fiz proveito do tempo dado e desliguei-me de minhas exatidões para com o tempo, só não podia perder as rédeas. E assim, prossegui, aproveitadora dos bons ventos, rodopiando rumo ao tempo certo e precioso... de suas imprecisões já não quis saber: tudo ao seu tempo (eu só precisava dar uns empurrõezinhos).
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