terça-feira, 20 de outubro de 2015

Seria, pois, a porta.

Emperrada, diga-se de passagem.
Passagem estreita, vale ressaltar.
Seria, pois, a porta. Madeira firme e antiga, valiosa, vaidosa, ruidosa, alta.
Seria a porta, a grande causadora do mal entendido? Triste sonhadora de sacadas, de imagens (belas), de ilusões que se passavam na janela estreita da casa. De tudo, a porta emperrada deixava passar. Não é possível que não fizesse exigências, tudo que é porta nesse mundo costuma fazer um tanto vário de perguntas antes de deixar quem quer se seja se aproximar. Seria, pois, a porta?
Limitada aos olhos crus, vestidos de poeira da calçada, cinzentos. NUS. A porta recebia todo tipo de visita. E todo o tipo de visita entrava, acomodavam-se no sofá. CAFÉ, LEITE, CHÁ, UM SUQUINHO, REFRESCO, NÃO É POSSÍVEL. NADA? Querida mãe, diz sempre, quem oferece não quer dá. Quero não mesmo... Seria, pois, a porta? Ou a janela, quem sabe não seria?
Seria quem a causadora ou causador
do grande
e mal entendido?
Seria, pois, a porta?

Não é possível. 

Embalar

A PORTA SE ABRE:
dois corações 
permissão de morada
É tudo extensão
do acaso
do riso
do abrigo 
da casa 
do amigo
da alma
da janela
dos laços
e embalos
da vida